Abaixo a ditadura da testosterona!

Beatriz Noronha (fotos e texto)
do Incid

18 de junho. Manifestação das mulheres na Cúpula dos Povos. O céu de um azul calmo em contraste com os sisudos prédios do centro da cidade pareciam reproduzir o ritmo comum do dia a dia no Rio de Janeiro. Vivenciar o ato que saiu do Aterro do Flamengo e seguiu ao longo de ruas e avenidas centrais é que não pareceu ser experiência ordinária.

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Trabalhadoras, quilombolas, latinas, africanas, do campo, das ruas, dos prédios, das casas, estudantes, mães, filhas, elas e todas elas. Em frente ao Museu de Arte Moderna (MAM), a concentração que começou com cara de encontro foi ganhando corpo, vozes, cores, trejeitos e roupas de todos os tipos e lugares.

Para além da sustentabilidade, o discurso era em prol do respeito, mútuo e inalienável. Em diálogo com os movimentos contemporâneos, o valor da comunhão entre gêneros, pensamentos e lutas foi manifesto no trajeto da marcha. “Justiça social e ambiental” ecoava das rodas de conversa e dos brados pelas ruas.

Em cartazes, camisas (ou na falta delas) e falas, o que se via eram ações de libertação, dos corpos e de suas subjetividades. Entre as reivindicações, o fim de separatismos ainda vigentes, alimentados por discursos sexistas.

Sejam as mulheres negras do campo e das cidades, sejam as que vieram de movimentos sociais da América Latina, de movimentos de mulheres de todo o país ou as que se colocaram em movimento de sair de suas casas, de organizar-se em seus trabalhos para estar na Cúpula dos Povos, o pluralismo de ideias e vozes refletiam os mesmos anseios: o olhar sensível para as questões ambientais, sociais e humanas como caminho e travessia para desenvolver a sustentabilidade de pensamentos e atos.