Barragem do Guapiaçu ameaça 600 famílias

do Incid

Em Cachoeiras de Macacu, a possibilidade de construção de uma barragem está tirando a tranquilidade da população local. A barragem planejada para o rio Guapiaçu seria uma solução para o abastecimento de água necessário com a chegada do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). No entanto, para muitas famílias a obra significa mudanças drásticas.

– Essa barragem, se sair, será um enorme impacto ambiental e social. – afirma Erenildo da Silva, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Cachoeiras de Macacu – Existem animais que são encontrados somente nessa região e estão quase em extinção. O clima vai mudar e uma faixa de 600 famílias serão colocadas em risco.

A área alagada pela barragem será de cerca de 2000 hectares de terra, o que corresponde a dois mil campos de futebol. A intenção é que a obra possa abastecer o Comperj, além de melhorar o abastecimento de água em Paquetá, São Gonçalo e Niterói. A previsão é de que, na área do Comperj, a população cresça de forma exponencial, ultrapassando 2,2 milhões até 2030, justificando a necessidade de aumentar o abastecimento de água.

O problema é que a área alagada, além de estar próxima de reservas ambientais, também afeta a produção agrícola da região. As famílias atingidas pelo projeto são formadas principalmente por agricultores familiares. De acordo com Erenildo, a construção da barragem irá interromper uma economia de mais de R$ 200 milhões por ano, já que o município é um dos grandes fornecedores do Ceasa, no Rio de Janeiro.

– A barragem vai servir para coletar a água da chuva, mas não vai encher. Já foi feita uma pesquisa e estamos fazendo um estudo para apresentar uma contrapartida a essa barragem. Aquilo vai virar um pântano e ainda vamos deixar de produzir – afirma o presidente do sindicato.

De acordo com Erenildo, a estrutura do rio não permite que uma construção tão grande seja bem sucedida. Para ele, a população precisa se mobilizar contra a barragem, já que muitos serão afetados.

– A água é preciosa, claro, mas existem outras alternativas para captar. Podiam fazer cinco pequenas barragens, por exemplo. Existem cinco barragens desativadas em Cachoeiras de Macacu que a Cedae não quer reativar. Querem fazer uma barragem faraônica por interesse político – conclui.