Pacto pelo saneamento em Maricá levanta dúvidas
do Incid
Com uma rede de saneamento básico muito precária, o município de Maricá recebeu uma proposta que, teoricamente, beneficiaria e muito a sua população. Se trata do Pacto pelo Saneamento, investimento de R$ 60 milhões em obras de coleta e tratamento de esgoto, que, de acordo com os dados divulgados, mudará a realidade de 48 mil pessoas.
No entanto, a realidade parece ser outra. A falta de clareza nas informações deixa a sociedade civil bastante confusa sobre as obras que já começaram a aparecer no município. De acordo com Flávia Lanari, coordenadora geral do Subcomitê do complexo lagunar Maricá-Guarapina, falta transparência e debate popular sobre as decisões tomadas pelo poder público em parceria com a Petrobras.
– Tudo está muito nebuloso, porque ninguém sabe ao certo para que são essas obras. E faltam explicações de todos os lados. Através do Comitê da Baía de Guanabara, fizemos algumas recomendações sobre esses projetos e enviamos para o governo. Uma sabemos que foi seguida, mas, no que diz respeito a todas as outras, nunca recebemos nenhum tipo de resposta.
Os investimentos de fato são difíceis de decifrar. O projeto será custeado pela Petrobras, já que faz parte da contrapartida por conta da instalação do emissário de efluentes químicos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que está sendo construído em Itaboraí e passa por Maricá. No entanto, também foram anunciados mais R$33 milhões para o saneamento, dessa vez com recursos do governo federal, liberados através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). O objetivo seria construir uma nova Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no bairro Parque Eldorado e redes de coleta em bairros como Ubatiba, Retiro e Jacaroá.
Sem saber ao certo se as melhorias virão, Maricá continua sofrendo com uma rede de saneamento básico extremamente precária. Os números oficiais apontam que menos de 10% das residências do centro de Maricá possuem tratamento de esgoto adequado, mas, de acordo com Lanari, esse número é um pouco otimista. A coordenadora explica que, antes do Centro ultrapassar os 100 mil habitantes, o esgoto tratado não passava de 5% do total. O número de habitantes cresceu muito, mas o serviço não mudou, tornando a situação ainda pior.
– A verdade é que não sei como o nosso complexo lagunar sobrevive. É preciso muita atenção para as obras que virão, para que Maricá não se transforme em uma cloaca. Por exemplo, não podemos aceitar que o esgoto de Itaboraí venha in natura. Queremos que ele seja tratado lá também – observa.
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