MTST realiza ocupação em Niterói

Na madrugada de ontem (07), mais de 200 famílias ocuparam um terreno localizado no Largo da Batalha — no início da Estrada Francisco da Cruz Nunes, em Niterói. Apesar da tentativa de coação da Polícia Militar, os trabalhadores permanecem no local, até que suas reivindicações sejam cumpridas. Às 18h desse sábado haverá uma Assembleia Geral, para o fortalecimento da ocupação.

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De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) no terreno de propriedade da prefeitura municipal – que há muitos anos vem servindo como depósito de lixo e entulho, também estão presentes os moradores de São Gonçalo (das regiões de Jardim Catarina, Santa Luzia e Cano Furado) que construíram a ocupação Zumbi dos Palmares no final de 2014. Aproximadamente às 24h, as famílias começaram a levantar os primeiros barracos. Com bambus e lonas pretas demarcam o espaço ocioso do Largo da Batalha que agora irá servir de morada simbólica para se evidenciar o descaso à milhares de pessoas.

Não tardou para a polícia militar chegar ao local, com arbitrariedade, arrogância e abuso de poder. Dois blindados e diversas viaturas da PM acompanharam a ação. De acordo com um dos apoiadores que estiveram no local, a PM teria tentado destruir os barracos e ameaçado os ocupantes. “Eles diziam que aqui não era Goiás, que aqui é a polícia do Rio de Janeiro. Tentaram expulsar todo mundo e não nos deixavam registrar a ação”.

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Com a chegada de parlamentares e advogados, a tensão foi diminuindo e os policiais se retiraram. “A ocupação acordou cedo, com ânsia de luta. O primeiro passo foi dado para reescrever mais uma história de conquista por moradias dignas ao povo no estado do Rio de Janeiro”, anunciou o MTST.

Localizado em uma das regiões mais valorizadas da cidade (Pendotiba), o terreno segue vazio enquanto milhares de niteroienses continuam sofrendo com a falta de moradia. De acordo com o Indicador de Direito à Moradia: Situação da Moradia Digna, Niterói é um dos munícipios que mais possui domicílios indignos. Mais precisamente, são 12690 (7,5%) domicílios que não podem ser considerados moradias dignas.  Após a tragédia dos deslizamentos de 2010, muito se falou, mas pouco foi feito. A maioria dos atingidos pelo desastre continua morando em áreas de risco, vivendo de favor ou pagando alugueis cada vez mais caros. E essa também é a realidade da maioria dos cerca de 200 mil habitantes de favelas da cidade. Ou seja, quase metade dos cidadãos de Niterói vive o drama de não ter uma moradia digna.

Segundo o MTST, a construção de moradias pelo Minha Casa Minha Vida não só não foi suficiente para sanar o problema, como beira a um escândalo: dois prédios tiveram que ser demolidos por não apresentarem condições mínimas de infraestrutura e os que foram entregues estão visivelmente danificados. Uma nova tragédia pode ocorrer a qualquer momento. E pelo agravamento da situação e pelo abandono, que centenas de famílias buscaram se organizar e ocuparam esse terreno. “Exigimos ser tratados como gente e não como números! Queremos a imediata destinação da área ocupada para construção de moradia popular por meio da modalidade Entidades do programa Minha Casa Minha Vida, na qual temos a possibilidade de construir habitação digna. Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito”, declarou a Coordenação Estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

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Foto: Equipe Incid