Ateliês de Comunicação já demonstram resultados
Dentre as ações de comunicação e incidência incluídas no projeto Incid etapa II, está previsto facilitar a constituição de núcleos ou grupos de trabalho de Comunicação dentro de cada Rede de Cidadania Ativa Municipal, com agentes locais dispostos a discutir e produzir comunicação. A criação de uma Rede de Comunicadores Populares da AAI visa fortalecer o tecido associativo dos 14 municípios e colocá-los em contato e trabalho coletivo, em uma grande Rede que possa refletir, de uma perspectiva de cidadania, sobre as mudanças em curso e sobre a região que se forma. Durante cerca de cinco meses, militantes dispostos a discutir e produzir comunicação se reuniram para refletir, de forma mais aprofundada, sobre os desafios da comunicação para cada município e para o território como um todo. Assim, foram formando os Núcleos de Comunicação e elencando as principais potencialidades e prioridades a serem trabalhadas em seus municípios.
Cientes de que a comunicação é um dos principais desafios e, ao mesmo tempo, aliada para mobilização social, as Redes buscam produzir informações e comunicar, como parte do processo de articulação e organização da Cidadania Ativa. A partir do mapeamento de organizações envolvidas com atividades de comunicação em cada um dos territórios, contando ainda com os representantes participantes das Redes de Cidadania Ativa Municipais, foram realizadas mais de 20 reuniões sobre comunicação com as Redes de Cidadania Ativa, no período de março a agosto/2015 .
Os encontros tiveram como objetivo a apresentação dos processos de comunicação previstos no Incid e o fortalecimento das Redes de Cidadania Ativa, através da comunicação. Essas reuniões resultaram na constituição de 11 Núcleos (GTs) de comunicação local, que – a partir de sua leitura do território -, avaliaram o melhor mecanismo (estratégia de comunicação) a ser utilizado para comunicar o conteúdo com base na reflexão sobre a possibilidade de acesso às mídias em cada município, a efetividade de cada mecanismo para comunicar o que se quer para quem se quer.
Seguindo a mesma metodologia em todos os encontros, a comunicadora do projeto Incid, Paula Brito, apresentou as possibilidades de trabalho no âmbito da comunicação, iniciando uma série de debates a respeito do acesso à informação no território, monopólio das grandes mídias e a possibilidade de criação de um espaço cidadão de garantia do Direito à Informação, bem como seu acesso. “Quando nós iniciamos o processo de debate sobre a Comunicação nas Redes de Cidadania Ativa, tudo ainda era muito novo. Ouvíamos sempre os mesmos depoimentos a respeito da dificuldade que as instituições possuem no âmbito da comunicação. Com o início dos Ateliês de Comunicação, foi incrível acompanhar o desenvolvimento de algumas redes. Hoje eles já discutem a democratização da comunicação, o monopólio dos veículos de mídia e, o mais bacana, criam seu próprio espaço de comunicação. Hoje eles já percebem a importância desse processo, percebem como trabalhar com estes espaços que os permitirá atuar como produtores de mídia, colocando esta ferramenta a serviço dos interesses da cidadania”, contou a jornalista.
Para a melhor utilização das estratégias de comunicação e aproveitamento dos veículos de mídia mapeados no território, o Incid propôs os Ateliês de Comunicação – um espaço de formação participativa da Cidadania Ativa local, que visa apoiar e capacitar os comunicadores populares aptos a reportar fatos e acontecimentos que estão em destaque no município, assim como, ampliar a divulgação à população de informações sobre o território e da luta por direitos, colocando esta ferramenta a serviço dos interesses da Cidadania Ativa. A comunicação vai além, buscando o envolvimento da Cidadania Ativa dentro da construção de mídias alternativas, trazendo autonomia de produzir e replicar seu próprio conteúdo, atuando num espaço democrático. “Acesso à informação é a base para qualquer reivindicação de Direitos. Por isso é um passo importantíssimo que a equipe do Incid está dando, ao capacitar as redes na prática da Comunicação. Trata-se de uma ferramenta fundamental para promover mobilização e incidência pública”, afirmou Martha Neiva Moreira, jornalista e coordenadora de Comunicação do Ibase.
Comunicação no Território
Até o momento nove núcleos(Gts) foram formados dentro das Redes de Cidadania Ativa de Itaboraí, Rio Bonito, Magé, Casimiro de Abreu, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Nova Friburgo, Teresópolis e São Gonçalo. Cada Rede escolheu uma formação especifica visando o fomento de comunicação mais eficaz dentro de cada área de atuação. Fruto desta dinâmica as Redes de Cidadania Ativa, receberam, até o momento, a realização de oito ateliês de formação e treinamento. Três deles (Teresópolis Magé e Itaboraí) elencaram o webjornalismo como principal veículo a ser trabalhado no município e estão no período de construção dos sites de notícias. Outros três desejaram um Ateliê de audiovisual (Cachoeiras de Macacu, Friburgo e Guapimirim). Já Rio Bonito e Casimiro de Abreu decidiram fazer um Informativo impresso e para isso solicitaram Ateliê sobre Produção de Texto e Diagramação. São Gonçalo escolheu as Mídias Digitais para divulgar os dados. Os produtos escolhidos pelas Redes, como principal estratégia de trabalho nos municípios são seis Fanpages; três sites; três canais no Youtube e dois Informativos jornalísticos.
Para a realização dos Ateliês, o Incid contou com parceiros do Ibase como a Escola Popular de Comunicação Crítica do Observatório de Favelas (ESPOCC), o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), as Documentaristas Regina Carmela e Aline Nabisi, e a jornalista Ana Lagoa. De acordo com o professor da ESPOCC, Rodrigo Azevedo, essa é uma atividade que colabora muito na luta por direitos. “A comunicação popular é fundamental para qualquer comunidade, principalmente para os movimentos populares. É a partir dela que temos o fortalecimento de pautas que estão à margem da sociedade. Acho incrível esse trabalho que o Incid está realizando, pois daqui sairão comunicadores independentes capacitados e empoderados para a luta da cidadania”, afirmou o jornalista.
Ivo Delmiro Pereira, participante da Rede de Cidadania de Casimiro de Abreu, enfatizou a importância de participar dessas atividades. Segundo ele, tudo colabora para o crescimento da Rede e sua autonomia. “Para mim foi um aprendizado muito grande, pois nunca tivemos um estudo avançado desse aqui no município, eu aprendi muito. Aprendi técnicas para a construção de matérias, como mexer nas plataformas digitais e formatar o texto. Enfim, aprendi como proceder para que nosso jornal, que vai ser de grande utilidade para a Rede e para o município, fique o melhor possível. Os instrutores passaram de forma clara e simples como deveríamos fazer cada processo, tiveram muita paciência com a gente, pois eu como aluno estou sempre questionando. Por isso digo que foi uma ótima atividade”, contou o presidente da Associação Casimirense de Pessoas Portadoras de Deficiência (Acapord)
As atividades de fomento e comunicação, segundo os articuladores – que vivenciaram o processo de construção, articulação e inserção das atividades -, está sendo uma experiência enriquecedora e positiva para cada participante. “A realização do Ateliê de Comunicação em Cachoeiras abriu novas portas de atuação para as Redes de Cidadania Ativa deste município. A possibilidade de a própria Rede gerar conteúdo a partir dos seus pontos de vista causou um efeito potencializador por aqui. Passamos a pensar na produção de matérias em vídeo e minidocumentários sobre os pontos críticos da cidade, para veicular no Youtube, Facebook e também realizar exibições nas comunidades mais isoladas, como as da zona rural”, contou o articulador Wellington Lyra.
Já o articulador Sergio Paulino enfatiza o empoderamento da Cidadania Ativa, através da produção de conteúdo. “O Incid está propondo a criação de canais de comunicação, de acordo com a situação de cada município. Esses canais podem ser de teatro, produção audiovisual, rádio, informativo impresso, website, blog, redes sociais, etc, pois ele tem o objetivo de difundir os indicadores e as ações de Rede de Cidadania Ativa. E cabe somente à Rede produzir e dar corpo a esse canal. Essa etapa tem me deixado bem satisfeito, pois acredito que isso só venha para unificar mais a Rede, além de desmistificar os meios de comunicação. É gratificante ver as pessoas se apropriando de informação e transformando o conhecimento em ação”, disse.
Segundo Paula, a consolidação dos núcleos de comunicação revela o quanto as redes se estruturam e o quanto o Projeto ganhou sentido e importância no território. “Nada do que estamos construindo hoje seria possível se as Redes de Cidadania Ativa não estivessem se apropriando do Sistema de Indicadores e o compreendendo como mecanismo para o fortalecimento de suas lutas. Hoje, nosso intuito é provocar debates e reflexões na opinião pública e fortalecer as iniciativas de organização popular para o enfrentamento das violações de direitos sofridas no território. A partir da construção coletiva de estratégias de comunicação, a Rede pode passar a comunicar conteúdos com base nos dados do Sistema de Indicadores, nas ações cidadãs realizadas pelas instituições que compõem as Redes e nas ações da própria Rede, atuando em conjunto”, finalizou.
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