Justiça de gênero ainda é desafio para municípios do Comperj

do Incid

Todos os anos, a luta do movimento feminista é celebrada no dia 8 de março, o dia Internacional da Mulher. Mesmo com os direitos garantidos por lei, as mulheres brasileiras ainda enfrentam muitas dificuldades para ver seus direitos garantidos na prática. Vivemos em uma sociedade que ainda conserva a mentalidade patriarcal e, por isso, mulheres são vítimas dos mais diversos tipos de violência diariamente.

Ao se observar a região do Comperj estudada pelo Incid, já é possível vislumbrar a desigualdade de gênero existente na população. No Marco Zero do Incid é abordado o direito à Igualdade e à Diversidade, onde é analisada a situação da desigualdade de gênero no mercado de trabalho a partir de dados do Ministério do Trabalho em 2010 e, infelizmente, a desigualdade é óbvia em todos os 14 municípios pesquisados.

No que diz respeito à remuneração, os números apontam para o fato de existir uma maioria significativa de mulheres ocupando cargos cujos rendimentos são de até um salário mínimo. A situação se inverte quando se trata dos trabalhadores que recebem mais de cinco salários mínimos: a maioria é do sexo masculino, claro.

E não é apenas no salário que está a diferença. Quando se trata de conseguir o emprego, as mulheres dos municípios do Comperj também enfrentam muita dificuldade. O indicador “Situação da Desigualdade de Gênero no Acesso ao Emprego” mostra que os homens dominam o mercado de trabalho em todos os municípios, exceto em Casimiro de Abreu, onde as mulheres conseguem se destacar.

A discriminação não é uma surpresa para os moradores dos municípios afetados pelo Comperj. A população demonstrou ter consciência do problema, como é evidenciado no indicador “Percepção sobre Respeito à Diversidade”. Em média, apenas 46,3% das pessoas entrevistadas pela equipe na área estudada pelo Incid acredita não existir tratamento discriminatório por raça/cor da pele, classe social, religião, gênero ou opção sexual no município onde moram.

Em última análise, fica claro que, mesmo consciente dos avanços e conquistas dos movimentos que pedem igualdade, a sociedade sabe que ainda existe um lado seriamente discriminatório em sua estrutura. Vamos esperar que no próximo 8 de março possamos ter mais motivos para comemorar e menos desafios a enfrentar.